O mistério e a Criação (Jornal do Comércio, 16.07.1978)

Como diz T.S.Eliot num de seus poemas, “Para nós há somente tentativa. O resto não é de nossa conta.” Desde a minha estréia com O Visitante, até a publicação, agora, de A Rainha dos Cárceres da Grécia, venho dando o melhor de mim mesmo à literatura, procurando realizar uma obra tão alta quanto permitam as minhas forças. Isto é o que posso fazer e o que tenho feito. Só posso ter certeza, portanto, de que a minha é uma contribuição séria. Quanto á sua importância, dentro do romance brasileiro, não me compete julgar. Mais: a qualidade da obra “não é da nossa conta”.

Autor Participante (Correio da Manhã, Rio de Janeior, 17.09.1976)

– Realizou você, em seu novo livro, Nove, Novena, experiências que em sendo indicadas como revolucionárias na literatura. Trata-se por conseguinte, de uma obra de leitura difícil ou exigente. Ora, levando em conta as atuais condições sociais do Brasil, notadamente seu baixo índice de instrução, não acha que um livro dessa natureza acentua a dissociação entre autor e público?

Menino Mau

Chove. Os prados, os campos, os telhados, ruas, tudo enfim, banha-se de uma só vez no banho universal da criação.

Os trovões sucedem-se e parecem rebolar na serra como um Titã colossal, assustadoramente, num rimbobar alucinante e satânico. 

O sol deve estar no zênite, pois os ponteiros se cruzam sobre as doze. Mas quem o vê? Ninguém. Só a chuva, fustigante, torrencial, desce das nuvens plúmbeas e compactas que escondem tristemente o azul do céu.

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